As laranjas caiam no chão, fiquei sem graça, a mulher que passava ao lado insinuou uma ajuda, a neguei, controlei a situação rápido, três laranjas seguiram descendo a ladeira. As olhei enquanto segurava a sacola e as laranjas salvas, se houvesse um espectador atento ,perceberia que havia mais do que lógica na desistência daquele rapaz do passeio, tristeza talvez. Coloquei as salvas em outro saco e segui. As que cairam, perdi.
-Cadê irmão?
- Ah, me dê aqui velho..
- Você não segura na sacola, imagina nas mãos.
O estranho me dava as laranjas, me ouvi dizendo:
- Obrigado.
Estava admirado.
- Que nada.
Eu segui, pensei em acerolas que uma vez escorregaram de minha mão quando era pequeno. As outras laranjas que correm , pois não as aguentei, porque não as aguento segurar .Os problemas misturam se e por vezes nos perguntamos onde estamos. O olhei.
- Obrigado , MESMO.
As palavra sairam fortes, entonadas, bem entonadas.O abracei com o olhar.
- A gente tá aqui pra se ajudar.
Quantos estranhos correm atrás de suas laranjas? "A gente tá aqui pra se ajudar".Estamos? Eu perguntaria se fosse mais corajoso . Lancei meus olhos ao redor: Deus?
Sem respostas, agradeci.