Estava indo para um ensaio do teatro. Me encontrava sentado perto da janela do ônibus, quando ele chegou. Era um velhinho de ar frágil ,cabloco,bem arrumado, camisa por dentro da calça , sapatos sociais. Sentou-se ao meu lado.
- Boa tarde
- Boa tarde - respondi.
Olhou para o lado e para o outro. Parecia incomodado.
- As pessôa hoje não se cumprimentam mais hoje, você não mas tem uns - reclamava com tristeza.
- É verdade
- Os jovens então...Tem gente que estranha quando eu cumprimento.
Ele me passava bastante amor,gentil, simpatizei com o estranho.O achei engraçado, ele parecia indignado com a situação , porém isso não gerava amargura ou raiva.
- As pessoas ficam com medo,ultimamente ,com a pedofilia, sequestros... E há também a frieza que vem se estabelecendo.
Dei margem a suas reclamações e fiquei feliz.
- É mesmo - disse ele balançando a cabeça - esse mundo tá perigoso mesmo, as pessoas ficam com medo de cumprimentar as outras né?
- Justamente.
Fiz um amigo. Ele parou de falar ,parecia reflexivo, mas feliz em encontrar alguém que o ouvisse.Chegou meu ponto, desci e me despedi. O encontro com o senhor renovou minhas energias, mesmo sendo velhas, as boas pessoas ainda existem.Sem contar claro, a vontade que tive de abraça-lo. Eu realmente simpatizei com o velhinho simpático ,indignado e porque não saudoso de uma época que não voltará mais. A das pessoas que se cumprimentavam.
domingo, 15 de novembro de 2009
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Passageiros

Mais uma volta para casa, sentei, fazia calor quando entrei, contudo o vento que entrava da janela tornou o ar agradavél, saímos. o motorista dirigia normalmente porém falando ao celular ,no carro de passagerios- vulgo "besta"- deviam haver 12 pessoas, estava cheio mas não lotado. Iamos dobrar uma esquina- para entrar em uma avenida movimentada , o motorista continuava ao celular.
Quando estou em qualquer veículo automotivo, na qualidade de passageiro , me encontro em uma espécie de transe que torna a viagem , seja para qual distância for, um ótimo momento pra pensar na vida. Me interromperam. O motorista por descuido, seja habitual ou causado pela conversação no celular, batera em uma moto. Foi muito rápido, vi uma mulher cair da moto e me assustei, a morte surgiu como dúvida. Alguns passageiros ficaram estáticos, o meu interesse era sair da " besta ", outros começaram a sair , os acompanhei, 3 ou 4 simplismente seguiram seu caminho a procura de outra "besta", alguns ofendiam o motorista e reclamavam entre si, bestas. Permaneci calado todo o tempo, olhei os dois ocupantes da moto, estavam bem, haviam muitas pessoas ao redor. Me senti a vontade em ir embora, não havia necessidade da minha presença.
Estava assustado mas continuei seguindo e pensando, no motorista e sua irresponsabilidade com as vidas dos passageiros e com a dele, nos passageiros que estavam muito mais preocupados com as suas vidas - estes levaram a sério o adjetivo "passageiro", passaram e seguiram. Pensava nos que ofendiam o motorista, como se na expressão dele não se pudesse notar uma auto-punição e pensei em minha tia.Pensei na morte e em como somos frágeis.O som do metal chocando-se me deixou atordoado, peguei outra "besta", chego em casa e escrevo um texto, denunciando ,desabafando, e provavelmente refletindo.
domingo, 8 de novembro de 2009
Com licença.

Foi o lugar onde fora sepultada, entretanto ela estava lá do meu lado, alegre,com seu típico batom vermelho, calça preta , uma blusa rosa e sua bolsa , todas coisas familiares, eu segurava o choro, porque sabia que era um sonho, ela parecia não saber.Eu queria tanto chorar, e abraça-la mas ela estava ansiosa e com muita pressa, como sempre,entao parou atrás de uma parede, e chorou, nesse momento , enfim eu pude chorar também, eu nem sabia porque ela chorava, a abraçei , continuava a chorar.
O cenário foi se desfazendo ,acordei, teria sido a primeira vez que sonhei com ela, tão viva, tão linda, tudo cheirava tão real, tão familiar.Não há um dia que não pense nela, porém não é a morte que me faz pensar nela, mas sim a vida, minha tia era muito presente, muito viva, embora morasse distante, as visitas eram constantes,e o ar em nossa casa mudava, ela ria, animava, dançava, cozinhava, é olhar para porta para vê-la, entrando, invadindo, nos enchendo de algo único, que só ela tinha era incrível, é incrível, ela ainda está aqui, com licença, vou procura-la...
sábado, 7 de novembro de 2009
Entre!
- Entre, não repare na bagunça, vou lhe confessar uma coisa ,não uso essa sala.Por favor, você pode ligar a luz?Tanto tempo, é capaz de ter que trocar a fiação... Enganei-me, não é que ainda há luz aqui, quanta poeira, eu realmente não gosto dessa sala, vamos sair? Vamos! Não? Tudo bem... Você quer olhar mais um pouco, o que? Porque de tantas fechaduras? Para ninguém entrar, ora bolas. Já te disse: não gosto de usar essa sala. Por quê? Deixe isso para lá, vamos para a sala ao lado, é a minha preferida, é cheia de amigos e histórias, você vai adorar... Não, não, ninguém nunca veio aqui. Eu não deixo.
É uma sala vazia, fechada com vários cadeados, antigos e novos, as cartas de amor nunca foram endereçadas e estão no lixo, os porta-retratos vazios e não há sonhos, nem projetos,as janelas foram fechadas com blocos e cimento.
-Vamos, vamos, não há nada interessante aqui - embora falte... Hã?Não, não disse nada, por favor, temos quer ir...
Ao sair olhou a sala, um olhar triste, e saiu, espero que ele volte .
É uma sala vazia, fechada com vários cadeados, antigos e novos, as cartas de amor nunca foram endereçadas e estão no lixo, os porta-retratos vazios e não há sonhos, nem projetos,as janelas foram fechadas com blocos e cimento.
-Vamos, vamos, não há nada interessante aqui - embora falte... Hã?Não, não disse nada, por favor, temos quer ir...
Ao sair olhou a sala, um olhar triste, e saiu, espero que ele volte .
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
silêncios?

Enfim estou aqui, em um blog, querer antigo, gosto de escrever, embora não acredite no talento para a escrita.Então ,estou construindo esse cantinho aqui, inicialmente para amigos para realizar um desejo antigo, que é justamente de ter um blog aonde possa por minhas idéias, confusões, aflições , em sucinto , TUDO que penso quando estou em silêncio externo, pois internamente sempre estou fervilhando, espero que gostem e odeiem, e opinem. Silêncios sou eu, então não se assustem.
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